Um estudo intitulado “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), constatou que, em média, as mulheres trabalham 7,5 horas a mais por semana do que os homens.
Dessa forma, caso seja aprovada a reforma da Previdência – que estipula uma mesma idade mínima para a aposentadoria de ambos os sexos, 65 anos – as mulheres terão que trabalhar cerca de 16 mil horas a mais para ter direito ao benefício.
Por exemplo, uma cidadã que comece a trabalhar com 20 anos de idade terá que atuar por 16,2 mil horas a mais do que um homem que começou a trabalhar com a mesma idade. Isso representa quase dois anos ininterruptos.
Justamente por conta desse cenário é que a economista Marilane Oliveira Teixeira, professora da Unicamp, opina que a reforma previdenciária não deve estipular uma mesma idade de aposentadoria para ambos gêneros.
“Não dá para o governo estabelecer as mesmas normas para ambos, se as trabalhadoras continuam com menor espaço no mercado, recebem menoressalários e realizam mais tarefas domésticas”, diz.
As tarefas domésticas citadas por Marilane são justamente um dos principais fatores que fazem com que a brasileira tenha 7,5 horas a mais de trabalho do que o brasileiro. Para se ter noção, em 2015, mais de 90% das mulheres declararam realizar esse tipo de atividade, contra 53% dos homens. Essa constatação foi feita pelo Ipea.
Segundo Natália Fontoura, pesquisadora do instituto, o cenário é praticamente o mesmo de 20 anos atrás, quando 94% das mulheres disseram realizar tarefas domésticas, contra apenas 46% dos homens.
Por conta dessa jornada dupla, a média de horas trabalhadas por semana por elas, chegou a 53,6 horas. Já os homens, ficou em 46,1 horas.